Museu de Arte do Rio celebra obra de Vinicius de Moraes

Por MRNews

Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913. E foi o próprio Rio que se tornaria, mais tarde, o cenário permanente de sua poesia, de suas canções e de sua vida. Da infância na Gávea às noites em Ipanema, a cidade seria mais do que paisagem: seria personagem, musa, espelho.

Neste mês, o Museu de Arte do Rio (MAR) celebra os 112 anos de nascimento do poeta, diplomata e compositor Vinicius de Moraes com uma das exposições mais abrangentes já dedicadas à sua obra.

Reunindo mais de 300 itens — entre manuscritos, fotografias, vídeos, livros e obras de arte —, a mostra oferece um mergulho na vida e na criação de um dos nomes centrais da cultura brasileira.

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Entre os destaques, está o Retrato de Vinicius, pintado por Cândido Portinari, exibido pela primeira vez no Rio de Janeiro, além de um espaço dedicado à Arca de Noé, com ilustrações de Elifas Andreato, que encantam gerações desde a década de 1970.

Aos nove anos, enquanto São Paulo vivia a ebulição modernista da Semana de Arte de 1922, Vinicius já escrevia seus primeiros versos. Ainda menino, formou um grupo musical com colegas do Colégio Santo Inácio, entre eles os irmãos Paulo e Haroldo Tapajós, com quem assinaria sua primeira letra gravada, Loira ou Morena (1932).

Um ano depois, publicava o primeiro livro de poemas, O Caminho para a Distância. O talento precoce chamou a atenção de nomes como Manuel Bandeira e Mário de Andrade, que viram naquele jovem poeta uma voz nova e promissora.

Mesmo formado em Direito, Vinicius seguiu o que realmente o movia: transformar em palavra e música a experiência humana.

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Vinicius de Moraes exerceu múltiplas funções ao longo da vida. Foi diplomata, jornalista, crítico de cinema, dramaturgo, letrista e cantor.

Serviu no Itamaraty entre 1946 e 1968, até ser aposentado compulsoriamente durante o regime militar. A perda do cargo, porém, abriu caminho para uma nova fase artística.

Foi nas parcerias musicais que o poeta encontrou sua expressão mais popular — e, paradoxalmente, mais universal. Com Tom Jobim, deu forma à Bossa Nova e ao imaginário solar do Rio dos anos 1950.

Com Toquinho, construiu uma das duplas mais queridas da música brasileira, que resultou em mais de cem canções e cerca de mil apresentações.

De acordo com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), Vinicius compôs mais de 700 obras musicais, com 709 composições e 527 gravações registradas. Sua obra atravessa o amor e a infância, a fé e a boemia, o lirismo e a ironia.

Entre os livros mais marcantes estão Forma e Exegese (1935), Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Livro de Sonetos (1957) e A Arca de Noé (1970). No teatro, Orfeu da Conceição (1954) — “uma tragédia carioca” — transportou o mito grego para o morro e deu origem ao filme Orfeu Negro, vencedor da Palma de Ouro em Cannes (1959).

“Quando se dizia que Vinicius era um ser plural, não estavam brincando”, lembra o escritor Ruy Castro, autor de Chega de Saudade, biografia da Bossa Nova.

Já o biógrafo José Castello, em Vinicius de Moraes – O Poeta da Paixão (1994), define o Soneto de Fidelidade como “uma das mais belas definições do amor já produzidas em língua portuguesa”.

Mesmo entre os gigantes da poesia brasileira, Vinicius ocupa um lugar singular.

“Ele tem o fôlego dos românticos, a espiritualidade dos simbolistas, a perícia dos parnasianos e o cinismo dos modernos”, escreveu Carlos Drummond de Andrade.

Vinicius de Moraes morreu em 9 de julho de 1980, aos 66 anos, vítima de edema pulmonar.